segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Pesquisadores da Unicamp no Haiti

Muito melhor do que a cobertura das grandes corporações e da grande mídia, tem um blog de pesquisadores da Unicamp que estão no Haiti. É o
http://lacitadelle.wordpress.com/

A lógica do capitalismo globalizado mostra sua verdadeira face nessas horas. Como já afirmou Bauman sobre as consequências da globalização, "Quem for livre para fugir da localidade é livre para escapar das consequências. Esses são os espólios mais importantes da vitoriosa guerra espacial".

Para quem não ouviu o que o Consul do Haiti np Brasil falou sobre a questão, http://noticias.uol.com.br/ultnot/multi/?hashId=consul-haitiano-afirma-que-o-africano-em-si-tem-maldicao-04021B3266D4990326&mediaId=1035326



No blog o pesquisador Werner Garbers relata
"Os EUA estão mandando mais de 5 mil marines (dizem até 10 mil), obviamente muitos deles armados, dizendo que a reconstrução que buscam é a longo prazo… Também já têm o aeroporto em seu controle. Por que não priorizar 5 mil médicos, ou 5 mil litros de diesel, ou 5 mil quilos a mais de comida? Ou então 5 bi de dólares pra pagar uma fração do prejuízo que o fracasso do neoliberalismo, liderado pelos EUA, causou ao Haiti? Ou até para compensar o protecionismo de países desenvolvidos em relação a quem, economicamente, já está de guarda abaixada faz tempo?

Às vezes, penso que tantos mil soldados só podem vir pra cá para caçar, quem sabe grupos locais (os quais, onde não há presença do Estado, são naturalmente o poder existente). Pra quem quiser ajudar o Haiti, será que exise algo mais importante com que se gastar esses recursos do que investir na soberania alimentar, no combate à sede, à falta de moradia, etc, as quais já afetavam a esmagadora maioria da população antes do desastre? Desastre natural, aliás, que se agrava, na verdade, por conta de um desastre precedente, o social.

Num momento em que minha experiência no Haiti me mostrou que a natureza de muitas ocupações, “ajudas” e relações internacinais não me agradam, não posso estar otimista com o futuro politico do Haiti, apesar de acreditar muito no povo haitiano. Fico ainda mais preocupado sabendo que quem esta liderando tal movimentação é obviamente os EUA, o qual nas últimas décadas foi uma das “potências” que pressionaram infinitos países e exerceram muito dessa forma, eu diria, autoritária e doentia de se relacionar com o outro. Como disse Omar, qualquer valor monetário dado agora ao Haiti “humanitariamente” é pouco, e é, na verdade, o pagamento mínimo de uma dívida, que, ainda por cima, estão pagando de forma errada. E o Brasil parece não ter aprendido a lição que sofreu na própria pele: hoje é um dos protagonistas da intensifcação desses princípios perversos e que geram desigualdade no Haiti. Aliás, já anunciou que ficará por aqui mais 5 anos."

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